A prevenção à pedofilia e à cyberpedofilia tem na família o fator decisivo. É a atenção dos pais aos filhos que pode ser o diferencial para impedir que crianças e adolescentes sejam vítimas de abusos sexuais. Essas são a certeza e a segurança transmitidas por Maura de Oliveira, escritora, educadora e palestrante que participou da mesa-redonda promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Alesc na manhã desta quinta-feira (8).
Chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para falar sobre o assunto, ela recebeu Menção Honrosa da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e dá nome à Lei Estadual nº 9.234/21 de Combate e Prevenção à Pedofilia, Cyberpedofilia, Abuso e Exploração Sexual Infantil do Estado do Rio de Janeiro. Maura é categórica ao afirmar que o primeiro movimento dos pais, mães ou responsáveis é conhecer os seus filhos. “O abuso sexual ou a pedofilia emudecem a vítima, que se sente com medo, culpada. E, por esse motivo, ela tende a ficar calada. Mas ela vai falar silenciosamente, por meio do seu comportamento, de sinais psicológicos ou físicos. Então, é necessário que a família crie um vínculo de confiança, de amor, dando atenção, conversando com seus filhos. Para que esse vínculo possa trazer para a criança a confiança de contar sobre o abuso”, afirma.
Maura avalia que as crianças ficam caladas, mas emitem sinais de que algo fora do normal está ocorrendo. “É necessário, de forma muito urgente, que as famílias reconheçam os sinais. E não é possível reconhecer se você não conhece o seu filho. Conhecer significa abraçar, olhar nos olhos, abrir as orelhas e ouvir absolutamente tudo com muita atenção. Dificilmente a criança vai inventar ou desenvolver alguma fantasia a respeito do que ela diga no que tange à parte da sexualidade. Exatamente por que a sexualidade não faz parte do universo infantil”, comenta.
Questionada sobre quando essa conduta da família de iniciar, Maura responde que é algo para ser feito imediatamente. “O primeiro recado para todos os pais, mães ou responsáveis é: já abraçou o seu filho, a sua filha, hoje? Já disse o tanto do amor que você tem por ela ou por ele? Comece agora, porque esse é o pior significado que a gente pode ter no futuro: se a gente não cuidar hoje, o futuro não é amanhã. O futuro é hoje”, argumenta.
A urgência de aumentar o vínculo com os filhos é, segundo ela, porque “tudo pode estar acontecendo para destruir a vida de uma criança exatamente nesse momento”. Maura explica que todos têm uma “vida corrida”, que pais e mães têm, cada vez mais, um número grande de afazeres durante o dia. “Então eu digo que não é necessário um tempo longo, mas é necessário que seja um tempo valioso. Deixe de lado o celular, a conversa com os amigos, a conversa em grupos. O que você tiver de tempinho, dedique ao seu filho ou sua filha. É a única forma que temos de criarmos e desenvolvermos um laço de confiança e de amor”, recomenda.
Fonte: ALESC