O vice-prefeito Jian Paulo Cardoso (PSL), de Mirim Doce (SC), chama a atenção para si por conta de um privilégio sobre quatro rodas. Com salário de R$ 4.130,73 e nenhum outro cargo na administração, o político tem um veículo EcoSport – exclusivo – à sua disposição. Isso mesmo, um carro oficial para usar na hora que quiser, com tanque de combustível cheio bancado pela prefeitura e sem limite de quilometragem.
A regalia é concedida justamente no município com a economia mais pobre da região do Vale Oeste, no Alto Vale do Itajaí, composta por outras cidades incluindo Salete, Rio do Campo, Pouso Redondo e Taió.
Aliás, no dia em que foi fotografado por nossa reportagem, o crossover estava carente dos cuidados de uma boa lavação.
Perto de Meio Milhão
Outra constatação surpreendente surgiu enquanto a equipe do portal Alto Vale Agora buscava saber quais trabalhos os vice-prefeitos de municípios do Vale Oeste realizam em favor dos eleitores: as duas remunerações mensais mais altas pagas a vices na região.
O segundo maior salário pertence ao vice-prefeito de Pouso Redondo, Rafael Neitzke Tambozi (PSL). Ele recebe mensalmente R$ 8.886,04. Durante os 48 meses de mandato, os ganhos somarão em torno de R$ 426 mil.
Já o rendimento mais alto é pago ao vice de Taió. Émerson Grunfeldt (Republicanos) recebe todo mês R$ 9.495,06. O salário representa faturamento estimado de R$ 455 mil, ou seja, quase meio milhão de reais em quatro anos de mandato.
Salários entre R$ 4 mil e R$ 9 mil no Vale Oeste
Abaixo, listamos o valor da remuneração – aprovado pelas Câmaras de Vereadores – e o que faz cada vice-prefeito nos municípios do Vale Oeste. As informações são de responsabilidade das assessorias dos políticos.
Mirim Doce: O vice-prefeito Jian Paulo Cardoso (PSL) recebe mensalmente R$ 4.130,73, não possui nenhum outro cargo na administração, mesmo assim tem à sua disposição uma EcoSport.

Salete: José Tadeu Tenfen (PL) recebe mensalmente R$ 5.032,62, não possui carro oficial e, segundo a assessoria de imprensa, participa ativamente da administração.

Rio do Campo: Acácio Cesar Mees (PSDB) recebe mensalmente R$ 6.885,73, não possui carro oficial à disposição e, segundo a assessoria, está diariamente na prefeitura participando ativamente da administração.

Pouso Redondo: Rafael Neitzke Tambozi (PSL) recebe mensalmente R$ 8.886,04, não possui carro oficial e responde pela Secretaria de Administração e Fazenda sem receber nenhum acréscimo pela função extra. De acordo com a assessoria, participa ativamente da administração.

Taió: Émerson Grunfeldt (Republicanos) recebe mensalmente R$ 9.495,06. Segundo a assessoria, ele não possui carro oficial. Utiliza automóvel particular para viagens e reuniões no exercício da função de vice-prefeito e está diariamente na prefeitura, atendendo e participando das decisões, inclusive, quando o prefeito se encontra ausente, mesmo não estando afastado ou de licença.

Valem quanto custam?
A escolha de um canditado a vice-prefeito depende, sobretudo, da capacidade dele de “puxar” votos para o titular. Uma vez eleitos, muitos vices desempenham apenas o papel de mera “figura decorativa”, apesar de receberem salário pago pelo povo. Porém, depois do companheiro de chapa, eles são a pessoa mais próxima do poder.
Oficialmente, as atribuições de um vice-prefeito não são muitas. A principal função é justamente ser o substituto imediato do titular do cargo. Em caso de renúncia, morte, cassação ou impeachment do titular é o vice quem herda o cargo. Ele também pode assumir o posto quando o titular se ausenta.
Muitos vices desempenham funções relevantes na administração. Ainda assim, não é raro ouvir: “vice só presta pra buscar o ordenado no fim do mês.” Sinal de que o eleitor tem suas reservas em relação ao ocupante desse cargo.
“Bom pra vice; mas pra prefeito não serve!”
Quem respira os bastidores da política já está acostumado com a expressão “fulano é um bom vice” ou, então, “eu votaria no beltrano pra vice, mas não voto nele pra prefeito”.
Afinal, como pode uma mesma pessoa ter condições de ser vice e não ter capacidade de ser prefeito? Deixando de lado o fato que muitas vezes até partidos adversários se coligam para unir forças e vencer o pleito, a afirmação não parece sugerir uma incompetência velada? Em raciocínio inverso, se um político não tem a mínima condição de exercer a função de prefeito teria para ser vice?
Logicamente, nem todos os vices são bons vices e nem todos os vices são maus vices. Há exceções e estamos cheios destes bons exemplos também na região do Alto Vale do Itajaí.
Um bom vice pode colaborar e muito na gestão pública somando forças com o titular, assumindo responsabilidades e dialogando com a sociedade. Inclusive, ele pode assumir alguma secretaria do governo.
A gente quer saber!
Qual a avaliação que você faz do vice-prefeito de sua cidade? Deixe seu comentário. Participe!
Fonte: Da Redação