Sacaneando com o voto de confiança dado pelos eleitores e demonstrando a falta de vergonha na cara, vereadores e servidores já sugaram impressionantes R$ 403.313,61 em diárias, passagens e despesas com locomoção na atual legislatura da Câmara Municipal de Agrolândia (SC). Com o mau exemplo, o município acaba de conquistar o vexatório troféu da maior comilança de dinheiro público de todas as 28 casas legislativas do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
O levantamento exclusivo, feito pelo portal Alto Vale Agora, comparou números analisados através dos portais da transparência de 1º de janeiro de 2021 até a virada de abril para maio deste ano.
A cifra não deve demorar a atingir os R$ 500 mil. O montante já representa quase um quarto do total dos custos de R$ 1,7 milhão da Câmara de Agrolândia no período.


Recordista
A vereadora SOLANGE ESSER MARTINS (PP) entra para a história como a ‘campeã’ da infame lista.
Somente o apetite de “SOLANGE DOS DOCES”, como é conhecida, já deu um prejuízo amargo ao povo agrolandense de R$ 71.412,63 em apenas 16 meses. A média do valor deglutido é de R$ 4,4 mil mensais, bem acima do próprio salário de R$ 2.577,80. Dessa forma, a parlamentar municipal vai engordando seu faturamento.
A relação de passeios dela inclui idas a cursos, encontros, simpósios e assembleias em cidades como Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, além, é claro, de uma visitinha recente na 21ª Marcha dos Legislativos, em Brasília (DF).

Absurdo
Em vez de Câmara de Vereadores, a de Agrolândia merece ser chamada pelo que é: ‘Câmara de Devoradores’, no caso, do dinheiro público.
A aberração ofende a honra da população de cerca de 11 mil habitantes, pessoas que não merecem ter o nome da sua cidade arrastado para a lama por causa dos aproveitadores.
Além de “SOLANGE DOS DOCES”, a farra tem ainda vários outros nomes de chupins que, pelos números, aparentam parasitar, sugar forte e sabotar as finanças da Câmara Municipal embolsando altos valores de diárias e gerando muitas despesas com passagens e locomoção.
Pelos números do Portal da Transparência, aparecem em destaque os vereadores JEFFERSON DABOIT (DEM), ARDOLI LEHMANN DE SOUZA (PL) e HÉLIO MIRANDA DE OLIVEIRA (PP), no cargo de presidente. Além deles, também MONICA MARIA DOS SANTOS PEREIRA, agente adminstrativo, e ANTONIO SALÉSIO COSTA, contador.

Olha isso!
Abaixo, relacionamos os nomes e os respectivos gastos com diárias, passagens e despesas com locomoção nos anos de 2021 e 2022 na Câmara de Vereadores de Agrolândia.
Os prints representam uma espécie de mapa da gula e revelam a voracidade da mordida esfomeada de cada um. VEJA!




Desperdício
Gastos com viagens de vereadores raramente se justificam. Contatos e cursos, por exemplo, podem ser feitos de modo online através da internet, ferramenta já disponível nos próprios legislativos.
Por outro lado, a gastança, na maioria das vezes, não tem sequer prestação de contas. As ‘sobras’ costumam parar no bolso dos legisladores. Aliás, diárias e locomoção, em geral, são usadas justamente como uma estratégia de rapinagem do dinheiro público.
Assim, a verba deixa de ser economizada e acaba não sendo devolvida ao executivo que poderia usá-la em programas educacionais, salvar vidas e outros benefícios à sociedade.
E mais: que moral os vereadores vão ter para exercer sua tarefa que é a de fiscalizar?

Mancha
A Câmara de Vereadores de Agrolândia já tem antecedentes de mau uso do dinheiro dos contribuintes.
Em 2006, cinco vereadores – quatro do PSDB e um do PT -, acompanhados do secretário da Câmara, foram fazer turismo com dinheiro público nas Cataratas e compras no Paraguai, enquanto deviam estar em um seminário sobre Plano Diretor em Foz do Iguaçu.
O episódio virou notícia em rede nacional na época. “Na reportagem [de TV], um dos vereadores chega a afirmar, entre risadas, que havia assinado a ficha de presença de todas as palestras no primeiro dia do evento”, destacou o Ministério Público.
A conduta de passear com despesas bancadas pelo legislativo humilhou e revoltou a população agrolandense.
Dez anos depois, em 2016, a imprensa catarinense noticiava que, por ato de improbidade administrativa, “o grupo foi condenado ao ressarcimento dos valores recebidos na ocasião a título de diárias e inscrição no evento, multa civil, pagamento de 10 salários mínimos por danos morais coletivos e suspensão dos direitos políticos pelo prazo de oito anos. O valor total da ação que consta no processo soma R$ 641 mil.”

Quanto à atual farra das diárias, nossa equipe deixa espaço aberto para todos que quiserem esclarecer eventuais questões que lhes pareçam inconvenientes.
Fotomontagem de Capa: Alto Vale Agora
(Fonte: Portal da Transparência/Câmara de Vereadores de Agrolândia)