O prefeito José Thomé (PSD) descumpriu o prazo de entrega previsto para a conclusão da obra da mega-ponte que ligará os bairros Bremer e Navegantes, sobre o Rio Itajaí-Açu, em Rio do Sul (SC). Apesar do atraso, algo chama ainda mais a atenção: “o maior contrato assinado na história da cidade”, ao custo anunciado de quase R$ 10,2 milhões, está sendo executado bem em frente da indústria do seu padrinho político, o ex-prefeito e atual deputado estadual Milton Hobus (PSD), sócio-proprietário da Royal Ciclo, fabricante de componentes para bicicletas.
O fato é a primeira coisa que se percebe ao chegar no canteiro de obras e olhar para o outro lado da Estrada Blumenau, onde fica a fábrica.
Apesar disso, até hoje, não se ouviu nenhum jornalista da mídia tradicional do Alto Vale nem sequer relatar a suposta coincidência de a ponte estar sendo construída naquele exato local.
Thomé também não tocou no assunto, até onde o portal Alto Vale Agora conseguiu apurar.
Hobus, igualmente, parece nunca ter falado sobre o porquê de a ponte ter sido projetada para execução bem defronte ao portão de acesso ao seu empreendimento privado.
Na época do início dos trabalhos da obra milionária – diante da indústria do homem que o lançou na política -, o prefeito José Thomé declarou: “Pensamos a estrutura nesta região, pois atende várias comunidades, moradores e também as indústrias. É algo que vai beneficiar a região e trazer desenvolvimento”, além de desafogar o trânsito na área central, enfatizou o pupilo de Hobus.
Com capacidade para caminhões pesados, a nova travessia – naquele local -, é propagandeada como sendo a única opção nesta região do município, excluindo a ponte da rua Ivo Silveira ou o caminho pela cidade vizinha, Lontras.

Prefeito fura promessa e prazo inicial
José Thomé alardeou que os trabalhos, iniciados em janeiro de 2021, estariam terminados já em outubro, após 10 meses, apesar do contrato de 12 meses com a empreiteira findar apenas entre dezembro do ano passado e janeiro de 2022.
Todo o otimismo foi registrado em reportagens de uma revista que oferece divulgação para conteúdo pago e de uma emissora de TV apoiadora de ações de políticos.
Nos registros propagandísticos que permanecem disponíveis na internet, o gestor público municipal chegou a declarar: “É uma empresa [Itaúba, do Paraná’] de muito ‘know-how’ [conhecimento técnico] no setor”. VEJA!
Tempo
Nem mesmo as boas condições do tempo, com longos períodos sem chuva – o que era uma preocupação do prefeito -, adiantaram para garantir os cumprimentos da promessa ou do cronograma oficial.
Com todas as projeções e prazos contratuais já vencidos, fotos atuais da obra da ponte confirmam que a construção – em 85%, segundo o executivo -, ainda tem bastante serviço pela frente até chegar à conclusão.
No entorno, há diversas outras obras não iniciadas. Entre elas, rótulas em ambos os lados e pavimentação de pistas de acesso à mega-ponte.
Já um trecho de ligação até a BR-470 teve orçamento inicial da licitação anunciado em cerca de R$ 2,8 milhões.

Mega
Em construção perante o acesso à indústria do deputado estadual Milton Hobus, a obra é resultado de um rico projeto de engenharia.
A complexidade do desenho parece ter tido menos preocupação com custos do que com o empenho para satisfazer.
Em janeiro do ano passado, o capricho, evidenciado nos detalhes e na suntuosidade do chamado novo “Acesso Leste” da cidade, foi detalhado pelo próprio prefeito José Thomé para uma emissora de TV. VEJA!
Atraso, implicações e ‘coincidência’
O que você pensa:
1) O descumprimento de cronogramas contratuais de obras públicas deveria ser devidamente investigado e, em caso de culpabilidade, os responsáveis punidos?
2) Se o atraso implicar em aditivos ao contrato inicial e encarecimento de uma obra pública, quem deve pagar a conta extra?
3) A construção de uma mega-ponte na ‘porta’ da indústria do padrinho político do prefeito é apenas uma coincidência e o projeto é muito bem-vindo, obrigado?
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Fonte: Redação