A foto, qual foto? O sistema petucano foi funcional a administração da ordem burguesa durante 20 anos.
Em 2018, a eleição de Bolsonaro sepultou para sempre a oposição entre petistas e tucanos e confirmou nossa tese de que o protofascista na presidência da república era produto necessário daquela falência. Eu bem sei que a consciência ingênua não cede facilmente e anotei que a retomada dos direitos políticos de Lula teria como consequência a validação de todas as antigas ilusões da esquerda liberal.
Ora, a oposição entre Lula e FHC jamais tocou nos pilares da dominação burguesa, pois ambos sempre compartilharam os fundamentos da política econômica inerente ao fomento do capitalismo dependente rentístico que, finalmente, sob hegemonia completa da fração financeira, permitiu à coesão burguesa dar estocada final do ultra liberalismo de Paulo Guedes.
A política econômica do Plano Real, o “presidencialismo de coalisão”, o espírito republicano e a conciliação de classes, entre tantas outras coisas em comum, garantiam aparentemente vida longa ao sistema petucano. Não faltaram advertências, mas essas são tão inúteis quanto os conselhos. A vida real sempre será mais forte e a prova definitiva de quem terá razão. Agora, entre afago e apoio, FHC se alia à Lula. A esquerda liberal esboça uma frente anti-Bolsonaro como antídoto contra o ultra liberalismo.
A frente amplíssima que se configura não será capaz de superar a força da crise mesmo com Lula cada dia mais a direita de seu liberalismo já provado. Na real, um pouco mais pra cá ou pra lá, o petismo jamais saiu da órbita da sociologia uspiana historicamente hegemonizada por FHC e o CEBRAP. Jamais! Portanto, não me surpreende a foto nova nem a antiga que recuperei aqui apenas para que as novas gerações escavem um pouco mais além das aparências de ocasião.
Adiante e à esquerda, sempre!
Vai meu abraço…