Evidenciando a falta de respaldo político, o prefeito de Taió (SC), Horst Alexandre Purnhagem (MDB), teve que engolir em seco o Hospital Dr. Waldomiro Colautti de Ibirama receber, de uma só vez, R$ 60 milhões para o projeto de reforma e ampliação. O pacote de “investimento histórico na saúde” foi anunciado na semana passada pelo governo catarinense e distribuiu R$ 585,4 milhões para 19 municípios, deixando Taió fora da lista.
Por conta da aparente falta de prestígio do gestor no cenário estadual, que fez a balança pender forte para o lado dos ibiramenses, Purnhagen precisa se contentar com outro convênio anterior que garantiu apenas 25% dos recursos necessários à construção do “anexo hospitalar” do Hospital e Maternidade Dona Lisette.
De acordo com a direção da unidade de saúde, a primeira fase da obra assegurou R$ 2 milhões. No entanto, a execução total do projeto de cinco pavimentos permanece “aguardando liberação de mais R$ 6 milhões”, ou seja, os outros 75%.
A disparidade entre os números de Ibirama e Taió fala por si só. O fato revela que se a administração pública municipal taioense realmente tivesse representatividade junto ao governo do estado já poderia ter conquistado aceno de verba até mesmo superior a R$ 8 milhões.
Afinal, para reativar sua pretendida Unidade de Terapia Intensiva o município acabará necessitando ainda muito mais recursos financeiros.
Prefeito desmentido
Há dois meses, quando o Dona Lisette sofreu o fechamento da UTI – que era ‘Covid’, mas foi apresentada ao público, para ganhos políticos, como sendo uma Unidade de Terapia Intensiva ‘normal’ -, Horst Alexandre Purnhagem buscou “confortar” os taioenses. O político disse para um TV online que o investimento de R$ 1,4 milhão estava bem guardado em Taió. VEJA!
As informações apuradas pelo portal Alto Vale Agora contestam a versão do prefeito.
Procurada pela nossa reportagem, a assessoria de imprensa da Redeh Beneficência Cristã, que administra a instituição, informou que aguarda a retirada de alguns respiradores e do aparelho de hemodiálise. Os equipamentos são considerados fundamentais para o funcionamento de uma UTI.
Já os demais itens, incluindo bombas de infusão e camas, estão ou entrarão em uso na própria unidade. Ou seja, também ficam sujeitos a sofrer desgaste natural e, futuramente, podem exigir substituição.
A UTI, que funcionou apenas cinco meses antes de ser fechada no final de janeiro deste ano, ainda tem “em aberto valores dos serviços médicos da cooperativa” que prestou o trabalho.
Também há pendências de custeio por parte do governo que, anteriormente, foram estimadas na ordem de R$ 2 milhões. “Os meses entre outubro e janeiro ainda estão em processamento na SES [Secretaria de Estado da Saúde]”, confirma a administradora da instituição, que acrescenta: “Aguardamos desembolso nos próximos dias”. Porém, “os valores estão sendo recalculados pelo estado com base no número de leitos ofertados”.
Papo de Político x Realidade
A nova UTI do Hospital e Maternidade Dona Lisette foi projetada para funcionar no quinto andar do “anexo hospitalar”, obra que terá que ser iniciada do zero.
A expectativa da direção é começar a construção 30 dias após a aprovação dos projetos complementares, o que deve ocorrer, no máximo, dentro de um mês, de acordo com a Redeh. O cronograma da primeira fase dos trabalhos é de 18 meses.
Em abril do ano passado, o site oficial da prefeitura de Taió já anunciava: “Projeto de ampliação do hospital para a instalação da UTI em Taió está pronto”. Conforme o texto, uma declaração do prefeito Horst Alexandre Purnhagen em suas redes sociais informava que o projeto estava “finalizado”. Já “os recursos também estão garantidos”, escreveu o gestor um ano atrás. Previa-se subsolo e três andares. (Veja o link da publicação do executivo no fim desta reportagem).
Não bastassem os R$ 6 milhões que ainda faltam para garantir a conclusão do futuro prédio, há outros grandes obstáculos. A implantação, a autorização e o credenciamento para um centro de tratamento intensivo funcionar é um processo altamente complexo. O objetivo, em geral, demora anos para ser alcançado; até mesmo para quem já conta com influência política.
A UTI do Hospital Dr. Waldomiro Colautti, por exemplo, levou quase uma década para entrar em operação em Ibirama.
Contradições
Há um ano, o projeto de ampliação do Dona Lisette estava pronto, segundo Purnhagen. No entanto, agora, a direção do hospital revela que ainda há a necessidade de “aprovação dos projetos complementares”.
Em abril de 2021, o prefeito já festejava que o dinheiro estava “garantido”. Mas nossa equipe acaba de apurar junto à Redeh que ainda falta a liberação da maior parte do dinheiro: R$ 6 milhões.
Antes, a atual gestão propagandeava: “UTI vindo aí!”. A ala realmente abriu, mas logo acabou fechada. Afinal, tratava-se apenas de uma Unidade de Terapia Intensiva para COVID – e não uma UTI permanente -, fato dissimulado diante do grande público…
Portanto, é provável que, na próxima eleição, os taioenses se deparem com a construção do bloco hospitalar ainda pela metade. Neste caso, ouvirão de políticos da atual gestão possível apelo por novos votos nas urnas para concluir o anexo, ou para implantar uma “UTI geral” na cidade.
Se isso acontecer, será a mesma ladainha de campanha já feita no pleito passado.
Vamos apostar?
Foto de Capa: Divulgação/Prefeitura de Taió
Fontes:
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